Generismo
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O generismo, também chamado de dualismo ou binarismo de gênero, é o sistema social ou crença cultural de que o género é uma dualidade ou binariedade, isto é, de que existem (ou deveriam existir) só dois géneros, masculino ou feminino, com as características de cada um inerentemente relacionadas com o sexo atribuído no nascimento.[1][2][3][4]
Entre estas características incluem-se expectativas de vestimenta, comportamento, orientação sexual, nomes e pronomes, preferência de limpeza, entre outras.[5] Estas expectativas podem reforçar atitudes negativas, preconceitos e discriminação contra as pessoas com expressões de género não normativas ou com identidades de género diferentes à designada ao nascer.[6][7][8]
O generismo cissexista é especialmente relevante para as pessoas transgénero, já que é uma ideologia que se baseia a transfobia e a exorsexismo.[9] Ao igual que o cissexismo é paralelo à homofobia, o generismo é paralelo ao heterossexismo.[10][11][12][13] Outro conceito relacionado é a heteronormatividade e cisnormatividade, a ideia de que a heterossexualidade e as cisgeneridades masculina e feminina são a norma social dualista.[14][15]
Na comunidade LGBT
[editar | editar código-fonte]Dentro da comunidade LGBT, o generismo binarista pode criar estruturas genderistas de poder institucionalizadas, o que pode provocar que pessoas não binárias sofram discriminação generista e assédio dentro da comunidade LGBT.[16] A maior parte desta discriminação exorsexista tem sua origem nas expectativas sociais do género que se manifestam na comunidade LGBT. Mas muitas pessoas LGBT e muitos grupos de ativismo juvenis lutam contra o generismo intracomunitário.[17] A discriminação e violência de gênero afeta mais as pessoas variantes de gênero, consequentemente transgêneros, travestis, transexuais, não-bináries e intersexos.[18][19]
Colonialismo de gênero
[editar | editar código-fonte]Certas vezes, a conceitualização de generismo, nos estudos de gênero, apresenta relação com o colonialismo. A luta pela diversidade e dissidência de gênero é uma resistência aos binarismos eurocêntricos e à noção de que as identidades de gênero se enquadram em categorias mutuamente exclusivas e objetivas. Essa perspectiva analítica da cisnormatividade não é meramente teórica, mas também possui uma dimensão política e epistêmica.[20][21][22]
Ver também
[editar | editar código-fonte]- Heterocispatriarcado
- Sistema de género
- Sexismo
- Machismo
- Pós-generismo
- Transversalização de gênero
- Capitalismo rosa
- Homonormatividade
- Papel social de gênero
- Masculinidade hegemônica
- Polarização de gênero
- Essencialismo de gênero
- Determinismo biológico
Referências
- ↑ «Transfobia e Genderismo» (em italiano). Consultado em 8 de junho de 2020
- ↑ Mostrador, El (9 de julho de 2018). «Idiomas: Sexismo o Generismo». El Mostrador (em espanhol). Consultado em 8 de junho de 2020
- ↑ Valencia, Sayak; Valencia, Sayak (dezembro de 2018). «El transfeminismo no es un generismo». Pléyade (Santiago) (22): 27–43. ISSN 0719-3696. doi:10.4067/S0719-36962018000200027
- ↑ Brevilheri, Urse Lopes (6 de abril de 2020). «O que é EXORSEXISMO e como combatê-lo?». Parada LGBTI+ de Londrina. Consultado em 8 de junho de 2020
- ↑ Beyond the Binary: Gender Identity Activism in Your School (PDF) (em inglês). [S.l.]: GSA Network. 2010
- ↑ McGeeney, Ester; Harvey, Laura. The Palgrave Handbook of the Psychology of Sexuality and Gender (em inglês). [S.l.]: Palgrave Handbooks. p. 149-162
- ↑ Santos, André Pereira dos; Barbato, Silviane Bonaccorsi; Delmondez, Polianne (outubro de 2018). «Polyphony in the Production of Gender Binarism in Early Childhood Play». Psicologia: Ciência e Profissão (em inglês). 38 (4): 758–772. ISSN 1414-9893. doi:10.1590/1982-3703002302017
- ↑ January 3rd; 2019|Anti-gender; Comments, Featured|0 (3 de janeiro de 2019). «Anti-Genderism in the Non-West: Looking from the Other Side». Engenderings (em inglês). Consultado em 8 de junho de 2020
- ↑ Transgender and Transsexual Identities: The Next Strange Fruit—Hate Crimes, Violence and Genocide Against the Global TransCommunities, Jeremy D. Kidd & Tarynn M. Witten, Journal of Hate Studies [Vol.6:31. June 2008] 31-63.
- ↑ Shirley R. Steinberg (1 de abril de 2009). Diversity and Multiculturalism: A Reader. [S.l.]: Peter Lang. pp. 229–230. ISBN 978-1-4331-0345-2
- ↑ R. Rankin, Susan; Beemyn, Genny (1 de novembro de 2011). The Lives of Transgender People. [S.l.]: Columbia University Press. pp. 89–90. ISBN 978-0-231-51261-9
- ↑ Derald Wing Sue (26 julho de 2010). Microaggressions and Marginality: Manifestation, Dynamics, and Impact. [S.l.]: John Wiley & Sons. p. 224. ISBN 978-0-470-49139-3
- ↑ The Psychology Of Prejudice And Discrimination. [S.l.]: ABC-CLIO. 2004. p. 2. ISBN 978-0-275-98234-8
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- ↑ Simakawa, Viviane Vergueiro (12 de julho de 2016). «Por inflexões decoloniais de corpos e identidades de gênero inconformes: uma análise autoetnográfica da cisgeneridade como normatividade». Consultado em 17 de setembro de 2023