Públio Servílio Vácia Isáurico (cônsul em 48 a.C.)
Públio Servílio Vácia Isáurico | |
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Cônsul da República Romana | |
Consulado | 48 a.C. 41 a.C. |
Públio Servílio Vácia Isáurico (em latim: Publius Servilius Vatia Isauricus) foi um político da gente Servília da República Romana eleito cônsul por duas vezes, em 48 e 41 a.C. com Júlio César (o "ditador perpétuo") e Lúcio Antônio respectivamente. Era filho de Públio Servílio Vácio Isáurico, cônsul em 79 a.C.. Era aliado e grande amigo de César.
Carreira
[editar | editar código-fonte]Durante a sua juventude, tinha como modelo de vida Catão e Cícero o coloca como partidário dos optimates.[1] Em 54 a.C., Isáurico foi eleito pretor e, durante seu mandato, opôs-se à proposta de conceder um triunfo a Caio Pontino. Quanto irrompeu a guerra civil, desertou o partido aristocrático, liderado por Pompeu, e uniu-se a César. Foi colega de César como cônsul em 48 a.C. e, quando ele partiu de Roma para lutar contra Pompeu na Grécia, Isáurico comandou a República.
Primeiro consulado (48 a.C.)
[editar | editar código-fonte]Vácia Isáurico tornou-se uma figura muito polêmica depois que César seguiu para a Grécia para lutar contra Pompeu. Isáurico e Caio Trebônio foram os principais responsáveis pela falência total da economia romana e o líder populista Marco Célio Rufo liderou uma revolta contra o regime ainda no mesmo ano, que foi duramente sufocada.
Em março, Célio, que era um pretor peregrino, tentou aprovar um perdão total das dívidas. A aristocracia romana começou a sentir a pressão do povo, muito endividado, e um exemplo famoso foi a esposa de Cícero, Terência, que foi obrigada a vender a maior parte de suas joias para pagá-las. Célio não tinha competência alguma para legislar sobre o assunto, uma vez que sua magistratura só lhe dava poderes sobre os estrangeiros em Roma. Trebônio era o responsável. Célio então montou um tribunal de cancelamento de dívidas, mesmo tendo sido advertido por Trebônio e Vácia Isáurico. Este, depois de saber da notícia, imediatamente foi enfrentar o magistrado rebelde seguido de seus doze lictores, próprios de seu imperium proconsular, todos levando suas fasces. Depois de um acalorado debate no tribunal de Célio, Vácia Isáurico tomou uma delas e destruiu a cadeira de madeira (cadeira curul) própria do posto de Célio. Os dois chegaram a brigar, mas a população presente cercou Isáurico e seus lictores tiveram que protegê-lo para que não fosse morto.
Ele então iniciou uma campanha para desacreditar Célio em maio do mesmo ano, quando este voltou ao Fórum Romano para pedir o cancelamento das dívidas, sem se importar com as consequências. Acredita-se que as demandas de Célio foram motivadas pelas ameaças que Vácio havia lhe feito de que o prenderia. Quando Vácia conseguiu suas tropas, que vinham da Gália para ajudar César na luta contra Pompeu, ele não hesitou em utilizá-las. O exército lutou através do Fórum Romano e, quando os legionários tentaram capturar Célio, a população se revoltou. Foi a primeira vez que o povo romano atacou um exército romano dentro de Roma.
Célio zombou de Vácia Isáurico decorando sua cadeira curul com tiras de couro, uma referência a um conhecido rumor que circulava na cidade de que o pai dele lhe batia com uma cinta de couro, o que era uma humilhação. Vácia Isáurico, como resposta, pediu a seu pai que lhe batesse ainda mais forte como demonstração de sua hombridade. No final, Célio teve que fugir de Roma e uniu-se a Tito Ânio Papiano Milão, que tramava uma insurreição contra César, mas os dois foram rapidamente capturados e executados.
Segundo consulado (41 a.C.)
[editar | editar código-fonte]Em 46 a.C., Vácia governou a província da Ásia como procônsul e, durante seu mandato, Cícero lhe escreveu várias cartas.[2]
Depois do assassinato de César, em 44 a.C., Vácia Isáurico se aliou ao Senado contra Marco Antônio e teve uma participação de destaque nos debates no Senado durante os combates em Mutina.[3][4][5][6]
Quando Otaviano foi prometido a sua filha Servília,[7] Isáurico fez as pazes com Marco Antônio e abandonou a causa do Senado. Por isto, seu nome não aparece nas listas de proscritos e Cícero o chama, em suas cartas a Bruto, de "Homo et furiosus insolens".
Quando se formou o Segundo Triunvirato, em 43 a.C., Otaviano rompeu seu noivado com Servília para casar-se com Clódia Pulcra, filha de Fúlvia, a terceira esposa de Marco Antônio. Como reparação, Vácia foi eleito cônsul em 41 a.C. com Lúcio Antônio, o irmão do triúnviro. Ele estava em Roma quando Lúcio se apoderou da cidade em sua luta contra Otaviano (Campanha de Perúsia), mas permaneceu neutro.[8]
Árvore genealógica
[editar | editar código-fonte]Ver também
[editar | editar código-fonte]Cônsul da República Romana | ||
Precedido por: Lúcio Cornélio Lêntulo Crus |
Júlio César II 48 a.C. |
Sucedido por: Quinto Fúfio Caleno com Públio Vatínio |
Precedido por: Marco Emílio Lépido II |
Públio Servílio Vácia Isáurico II 41 a.C. com Lúcio Antônio |
Sucedido por: Caio Asínio Polião |
Referências
- ↑ Cícero, Epistulae ad Atticum II 1. § 10, Epistulae ad Quintum Fratrem II 3. § 2.
- ↑ Cícero, Epistulae ad Familiares XIII 66-72
- ↑ Dião Cássio, História Romana XLI 43, XLII 17, 23.
- ↑ Apiano, De bellis civilibus II 48
- ↑ Julio César, De Bello Civili III 21
- ↑ Cícero, Epistulae ad Familiares XII 2; Philippicae VII 8; IX 6; XI 8; XII 2, 7; XIV 3, 4.
- ↑ Suetônio, De vita Caesarum, Octavio 62
- ↑ Cícero, Ad Brut. 2; Dião Cássio, História Romana XLVIII 4, 13; Suetônio, De vita Caesarum, Tiberio 5.
Bibliografia
[editar | editar código-fonte]- Broughton, T. Robert S. (1952). The Magistrates of the Roman Republic. Volume II, 99 B.C. - 31 B.C. (em inglês). Nova Iorque: The American Philological Association. 578 páginas
- Canfora, Luciano (1999). Giulio Cesare. Il dittatore democratico (em italiano). [S.l.]: Laterza. p. 445-446. ISBN 88-420-5739-8
- Carcopino, J. (1993). Anna Rosso Cattabiani (trad.), ed. Giulio Cesare (em italiano). [S.l.]: Rusconi Libri. ISBN 88-18-18195-5
- Bartels, Jens (2001). Der Neue Pauly. S. Isauricus, P (em alemão). 11. [S.l.: s.n.] p. 467